Origem do Pavão Azul da Prússia                                                            

 No ano de 2008, Cezar Gomes, dentista e criador de aves ornamentais, adquiriu em nossa exploração de pavões, Quintal Pavos, um casal de pavões Cameo e outro Bronze Cream, ambos com 1 ano de idade. Quando completaram 2 anos, por coincidência, um pavão de cada casal morreu inesperadamente, e um macho Bronze Cream e uma fêmea Cameo foram os únicos animais que conseguimos manter vivos. Tudo isso aconteceu no início da temporada de reprodução em 2010 e, nessas circunstâncias, Cezar Gomes, considerando que fenotipicamente ambos os exemplares de pavões apresentavam algumas semelhanças na coloração, decidiu acasalar o macho Bronze Cream com a fêmea Cameo. Na imagem 1, podemos observar um exemplo de um macho Bronze Cream e uma fêmea Cameo.

   No primeiro ano de reprodução, o casal de pavões com apenas 2 anos chocou 3 ovos que deram vida a um macho e duas fêmeas.

Fenotipicamente, os pavões recém-nascidos eram muito semelhantes aos filhotes de pavão-azul, mas, ao observar o jovem pavão, imagem 2, após dois meses, tornou-se evidente um tom escuro diferente no pescoço. Quanto às fêmeas, não encontramos nenhuma característica fenotípica que nos permitisse distingui-las, de fato, de uma fêmea de pavão-azul. Mais uma vez, esse cruzamento nos permitiu sublinhar o reconhecimento de que a cor Bronze Creme não estava ligada ao cromossomo masculino, como acontece com os exemplares Camafeu, Púrpura, Violeta e Pêssego, pois, nesse caso, todas as fêmeas recém-nascidas, entre o macho Bronze Creme e a fêmea Camafeu, teriam que ser Bronze Creme, o que não ocorreu.

      Conforme os três filhotes foram crescendo, notamos que o pavão macho começou a apresentar um tom de cor diferente do pavão azul comum, não apenas no pescoço, mas agora também em toda a cauda e asas (visivelmente mais escuras).

Na época de reprodução de 2012, este macho, juntamente com as duas fêmeas, deu à luz outro macho e três fêmeas. O macho de dois meses, quando visitei Cezar Gomes novamente, já apresentava uma coloração diferente, muito semelhante à do seu progenitor. As três fêmeas, assim como seus progenitores, eram semelhantes às fêmeas de pavão-azul. Foi em 2012 que obtivemos nossos primeiros pavões da fêmea adulta do trio original e do macho nascido em 2012.

Também é importante mencionar que não temos certeza sobre a origem dos pavões-de-bronze-creme. Até o momento, não encontramos nenhuma publicação sobre a origem dessas aves, que, nos últimos anos, pelo menos desde 1998, são encontradas na Europa. Os primeiros exemplares do pavão-de-bronze-creme foram trazidos para Portugal em 2005, por um transportador de aves. Na imagem 3, podemos observar um casal de pavões-de-bronze-creme. Esses exemplares foram exatamente os primeiros a serem trazidos para Portugal.

A única coisa que podemos confirmar, considerando nossa experiência de criação com essa variedade, é que a cor não está ligada ao cromossomo masculino.

Outras duas situações que enfrentamos aqui foram, primeiramente, o fato de tal pavão, sendo o primeiro exemplar desta espécie, filho de uma fêmea Cameo, poderíamos acreditar que, ao cruzá-lo, também originaria fêmeas Cameo, pois a cor Cameo está sabidamente ligada ao cromossomo masculino e, portanto, o macho deveria ter recebido o gene de seu progenitor e, em seguida, passá-lo para sua própria descendência. Em segundo lugar, o fato de o primeiro trio de pavões desta nova variedade conceber uma prole Bronze Cream, já que seu progenitor também era Bronze Cream, cor também considerada recessiva.

Até agora, com 6 gerações já criadas, nunca surgiu um descendente de Bronze Cream, nem mesmo Cameos após o cruzamento entre Prussian Blues.

O desenvolvimento dos filhotes tem sido acompanhado de perto. Desde o início, também observamos com alguma esperança o desenvolvimento da cauda do pavão, nascido em 2010, que seria mais exuberante, como é uma característica de um filhote de três anos. Na imagem 5, podemos ver o primeiro filhote do trio original, em 2012.

De 2010 a 2019, continuamos mantendo essa variedade que a cada ano gera descendentes parecidos com seus progenitores.

Em 2014, começamos a trabalhar na introdução do padrão Black Wing na cor Azul da Prússia. O primeiro casal de Asas Negras Azul da Prússia nasceu em 2016 e iniciou sua primeira temporada de reprodução em 2018, e pela segunda vez neste ano.

Após a observação dessas aves, logo de início nos deparamos com algo semelhante a uma variedade originária dos EUA, o pavão-da-meia-noite. Por isso, conversamos com diversos criadores experientes, membros da Associação Unida de Pavões, que confirmaram que esses exemplares, apesar das semelhanças com a variedade-da-meia-noite, apresentam características distintas, o que é perfeitamente explicável, visto que têm raízes muito diferentes.

Nessas circunstâncias, sentimos a necessidade de caracterizar esses animais quanto à sua coloração, pois quando nos referimos a esses pavões, podemos fazê-lo corretamente e evitar pronunciar incorretamente o nome de uma variedade à qual não pertencem.

Decidimos enviar fotos e amostras de plumagem desses animais a um colorista para classificá-los. Desse trabalho, orquestrado pela Dra. Patrícia Noronha da Costa, resultou um nome que hoje damos a todas as aves com essas características fenotípicas (com base em exemplares da nossa exploração, Quintal Pavos, em Portugal): Pavão-azul-da-Prússia.

 É gratificante saber que a Quintal Pavos, em colaboração aberta com todos os nossos amigos, continuará a desenvolver o seu trabalho de criação e preservação das distintas variedades de pavão. Atualmente, temos exemplares de Azul da Prússia distribuídos por três criadores, e eles são fundamentais para a sua preservação. A introdução do gene do padrão Asa Negra também nos permitiu reduzir os riscos associados à consanguinidade, o que, de certa forma, beneficia a preservação saudável destes exemplares.

Atualmente, no padrão selvagem, existem 5 machos e 4 fêmeas, e no padrão Asa Negra, 5 machos e 3 fêmeas. A reprodução de 2019 não está incluída nesta pontuação.

 Relatado por João Nuno Carita  26/07/2019
 

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